
Eu pensava nisso quando criança, o que ia ser quando crescesse. Sempre me visualizava de óculos e jaleco branco diante de um microscópio, uma pesquisadora, tinha aquela imagem fixa na cabeça. A minha primeira opção, já no colegial, era mesmo por Biologia. Depois mudei pra Economia, embora não me desse bem com números. No fim, escolhi Linguística, porque tinha sido uma apaixonada pela língua portuguesa a vida toda e sentia ser minha real vocação. Bom, não era. Pelo menos não era fácil arrumar uma "colocação", como diz meu avô, com o título de bacharel em Linguística. Daí que já estava lá mesmo e pensei: "não posso perder quatro anos" e, não percebendo que perderia outros quatro, me formei em Letras, outro título que não me rendeu tantos bons frutos como pensei. Encontrei uma nova vocação em meus trabalhos, o marketing. Agora, volto a antigos lugares em busca de um novo título. Será plantar novamente para uma colheita perdida? Caminhar em trilhas que jurei que não pisaria mais? Procurar pessoas que não queria rever há bem pouco tempo? As coisas estão mudando depressa demais. Quero pensar como um dia pensou meu bisavô ao planejar a economia da fazenda herdada de seu pai, outrora imigrante, sem nada nos bolsos: tenho uma terra fértil, é preciso escolher o que plantar. Pode ser que chova e eu perca tudo. Pode ser que a gente pegue um tempo de seca e se perca tudo também. Mas não posso me sentar e olhar pra essa terra sem nada fazer. Ela está aí para me prover. Tenho que tentar!
Vamos ao plantio?



